Uma história
Naquela noite tive um pesadelo. Estava muito frio, e eu estava cavalgando em Lutos, nós tínhamos ultrapassado a barreira leste e estávamos perto da ferrovia. Eu sentia a brisa fresca bater contra meu corpo enquanto passávamos pelos trilhos. Foi então, tão rápido quanto a tempestade que cairá naquela noite, que o trem veio em nossa direção, e eu ofegante, acordei. A luz do sol que vinha da janela quase me cegava me sentei na cama, e pude observar o gramado molhado, ainda caia uma garoa fina por ali. Levantei-me e calcei minhas botas, apressada vesti meu casaco e pulei a janela. Fui ao encontro do celeiro, onde estava Lutos.
Ao me aproximar do celeiro, senti meu coração palpitar mais forte, então abri os portões e fui quase correndo até onde Lutos estava. Pude vê-lo me observar se aproximando, mas ele continuava imóvel ali, no chão do celeiro, coberto de serragem, onde estava. Ele estava pior. Papai havia prometido que ele iria melhorar, mas não era isso que estava acontecendo. Meus olhos se encheram de lágrimas, e me ajoelhei no chão envolvendo Lutos em um abraço apertado. Ele era um cavalo manso, de um pelo macio e claro, de um caramelo que eu nunca havia visto igual entre tantos outros cavalos. Fiquei ali por uma hora, abraçando-o e sentindo seu corpo esfriar. Pude sentir sua respiração diminuindo de ritmo, e sua pulsação soar fraca em meus braços. Eu me encontrava desesperada, vendo-o morrer em meus braços. Queria correr para avisar a meu pai que ele estava morrendo, implorar para que fizesse alguma coisa. Mas, e se eu fosse, e Lutos morresse, sem mim? E se eu o deixa-se ali,e quando voltasse, ele não estivesse mais consciente? Os pensamentos