Uma historia sem Classe
Uma sociedade sem classes
1. As Massas
Nada caracteriza melhor os movimentos totalitários em geral - e principalmente a fama de que desfrutam os seus líderes - do que a supreendente facilidade com que são substatuídos. Stálin conseguiu legitimar-se como herdeiro político de Lênin á custa de amargas lutas intrapartidárias e de vastas concessões á memória do antecessor. Já os sucessores de Stálin procuraram substituí-lo sem tais condescendências, embora ele houvesse permanecido no poder por trinta anos e dispusesse de uma máquina de propaganda, desconhecida ao tempo de Lênin, para imortalizar o seu nome. O mesmo se aplica a Hitler, que durante toda a vida exerceu um fascínio que supostamente cativava a todos, e que, depois de derrotado e morto, está hoje tão completamente esquecido que mal representa alguma coisa, mesmo entre os grupos neofascistas e neonazistas da Alemanha. Essa impermanência tem certamente elgo a ver com a volubilidade das massas e da fama que as tem por base; mas seria talvez mais correto atribuí-la á essência dos movimentos totalitários, que só podem pemanecer no poder enquanto estiverem em movimento e transmitirem movimentos a tudo o que os rodeia.
Seria um erro ainda mais grave esquecer, em face dessa impermanência, que os regimes totalitários, enquanto no poder, e os líderes totalitários, enquanto vivos, sempre " comandam e baseiam-se no apoio das massas'. A ascensão de Hitler ao poder foi legal dentro do sistema majoritário, e ele não poderia ter mantido a liderança de tão grande população, sobrevivido a tantas crises internas e externas, e enfrentado tantos perigos de lutas intrapartitárias, se não tivesse contado com a confiança das massas. Isso se aplica também a Stálin. Nem os julgamentos de Moscou nem a liquidação do grupo de Röhm teriam sido possíveis se essas massas não tivessem apoiado Stálin e Hitler. A crença generalizada de que Hitler era simplesmete um agente dos industriais alemães e a de que Stálin só venceu a luta