Uma compreensão da psicopatologia a partir da fenomenologia de Merleau-Ponty - Virginia Moreira
Fortaleza-CE
Março/2014
Marleau-Ponty, com sua proposta de “homem mundano”, vem romper com algumas dicotomias, entre elas real-imaginário dos processos psicopatológicos como uma forma de relação do paciente com o mundo, a fim de compreender a doença mental a partir da experiência do real e do imaginário. Assim, a doença mental inclui tanto aspectos orgânicos e psíquicos de forma entrelaçada, além de outras dimensões, isso é o ser humano. E se propõe também a manter as duas categorias básicas da psicopatologia clássica: a psicose e a neurose, que diferenciam a relação do cliente com a realidade, no sentido da relação homem-mundo e o psicótico como aquele que cria uma realidade própria, involuntariamente imaginária isolada e com contornos rígidos, que se desintegra de uma realidade concreta. O neurótico por sua vez transforma a realidade concreta a partir do seu imaginário. Ao analisar um quadro de Cézanne, Marleau-Ponty é categórico ao afirmar que o real se mistura ao imaginário o que faz com que aconteça uma deformidade da realidade, a pintura deformada adquire contornos múltiplos, se torna muito mais real do que uma fotografia em si, que tem uma proposta de apenas de retratar a realidade. E esta “irrealidade” da fotografia acontece porque a realidade está sempre em movimento, não tem como você parar no tempo uma realidade.
Não há outra maneira do mundo real se mostrar que não seja de maneira sólida, concreta, ao contrario do imaginário que se dá através do abstrato. E por fim se entrelaçam, partindo para uma realidade de uma psicopatologia compreensiva, com uma contribuição efetiva ao processo terapêutico, e como uma psicopatologia fenomenológica não seria compreensiva? Como não buscar compreender e “ajudar” quem a você recorra?