Uma anomalia: Mídia x Educação
Emanoel Lima
O texto do jornal o Globo, publicado com sob a autoria de Ali Kamel, traz uma crítica a respeito do livro didático Nova História Crítica, do autor Mario Schimidt, destinado aos alunos de 8a série. O discurso de Kamel é baseado na premissa de que algumas passagens históricas apresentadas no livro são tendenciosas e pendem para uma defesa do socialismo e repulsa do capitalismo. Além disso, Kamel também critica o uso de vocabulário chulo, algo que seria inaceitável para a formação das crianças.
Do outro lado o autor responde às críticas, não com a mesma evidência que foi dada à crítica primeira, justificando todas as abordagens feitas por Kamel. Segundo Schimidt, seu livro não é o primeiro e não será o último a trazer este tipo de abordagem.
Trata-se de uma situação evidentemente política e que envolve, inevitavelmente os interesses de ambos. Schimidt tem o interesse de manter sua obra no rol das selecionadas e indicadas pelo MEC; por sua vez, Kamel objetiva um confronto com uma filosofia política da qual não é adepto. Lembrar que o mercado didático editorial brasileiro é uma grande fonte de renda para autores e editoras de livros didáticos, isso, por si só, justifica o motivo de tamanho interesse para tal discussão. É por exemplo, o que entende Patrick Charaudeau, em seu Discurso das Mídias, a respeito da ambigüidade do trabalho midiático, “Os acontecimentos que surgem no espaço público não podem ser reportados de maneira exclusivamente factual: é necessário que a informação seja posta em cena de maneira a interessar o maior número possível de cidadãos – o que não garante que se possam controlar seus efeitos. Sendo assim, as mídias discorrem a vários tipos de discurso pára atingir seus objetivos.”
Num olhar estrutural a respeito da reportagem publicada pela revista época, a própria estrutura da reportagem, como gênero textual, denuncia, em termos de importância, o objetivo de Kamel.
Tanto foi dito e se escreveu