Um Velho Lobo do Mar
Quando leio um livro, que me tolhe a atenção, mergulho profundamente na sua prosa ou nos seus versos; faço-o quase sempre em voz alta para que, além da leitura silenciosa, possa completar e guardar o conteúdo lido, pela memória da audição. Assim, costumo fazer: ouvindo, faço uma pausa, em curtos momentos; intervalos forçados para poder respirar aliviado, pensar e, como tal absorver, digerir, “resgatar” a leitura. Foi num destes curtos intervalos, em franca digestão dessa leitura do livro de Tânia Estrella, que recordei alguns factos e pessoas que de repente, como por magia, me surgiram na memória, vindos bem lá do fundo de um arquivo guardado nas lembranças do passado. Arquivo que quis emergir, aparecer, por ter algo ainda incompleto. Inspiração condicional para esta comunicação escrita, numa minha falta.
Ao mesmo tempo que era correspondente do jornal “O Século”, com o título de Mar Adentro, escrevia eu uns artigos semanais para o jornal da minha terra denominado, A Gazeta do Sul. Em maré de inspiração, sem ser poeta, noutra rubrica, também escrevi e publiquei alguns poemas que sem prémio, nem concurso, - considerados polémicos, em momento pós-revolucionário – sem a minha autorização, foram copiados e publicados noutros periódicos, embora, ressalvo, com o nome do seu autor.
Os artigos da rubrica Mar Adentro eram apanhados de factos vividos, ocorridos nos mergulhos semanais, quase sistemáticos, que durante muito tempo efectuámos no Cabo Espichel, em Sesimbra e Berlenga, Estelas, Farilhões (Peniche) ou quando ministrávamos cursos de escafandria; na ilha do Martinhal - Sagres (Algarve) ou na Boca do Rio, no estaleiro do Ministério da Cultura, quando fazia arqueologia submarina para o Museu Nacional de Arqueologia; na Ilha de Porto Santo (Madeira), na reserva natural do Garajau (Funchal) ou nas Ilhas do Arquipélago dos Açores, S. Miguel, Ilhas Formigas e Corvo, também por mero divertimento, digamos assim, pelo “prazer de mergulhar”. Essas