Um senso rudimentar de moral
O que nos faz bons ou maus
Um senso rudimentar de moral
Por Luciana Thomé
Desvendar a mente dos jovens ajuda a responder questões fundamentais da filosofia e da psicologia, como o processo de construção da natureza humana a partir da evolução biológica e da experiência cultural. Este é o ponto principal do trabalho de Paul Bloom, conhecido estudioso da vida moral dos bebês. Ele é Ph.D. em Psicologia Cognitiva pelo MIT e professor de Psicologia e Ciência Cognitiva em Yale, e suas pesquisas exploram como crianças e adultos percebem o mundo físico e social.
Autor do livro O que nos faz bons ou maus (Just Babies: The origins of good and evil no título original em inglês), Bloom defende que possuímos um senso rudimentar de moral desde o princípio da nossa vida. É o que apontam vários estudos psicológicos conduzidos por ele no Centro de Cognição Infantil na Universidade de Yale, Estados Unidos, em colaboração com sua esposa e também psicóloga Karen Wynn, que dirige o laboratório, e uma aluna da pós-graduação, Kiley Hamlin. E foram esses testes e resultados que ele apresentou em sua conferência no ciclo Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da
UFRGS, em Porto Alegre.
Bloom iniciou sua fala explicando um problema genético que possui, herdado de seu pai e de que seus filhos também são portadores. Um problema que tem relação com a moralidade e que, quando jovens, deixa os indivíduos mais agressivos. “Temos uma probabilidade oito vezes maior de sermos agressivos e de cometermos um assassinato. E 44 vezes maior de cometermos um estupro. Problemas genéticos são difíceis de entender e de localizar, mas esse problema médico do qual eu falo não é tão complicado assim. É o cromossomo Y. Eu sou homem”, explicou.
O neurocientista David Eagleman usa este exemplo para defender que, até certo ponto, nossos destinos morais são definidos pela nossa biologia. Bloom complementou que nossas vidas morais também são muito influenciadas pelas