Um olhar sobre a identidade em Lagoa Azul
Nas décadas de 1970 e 1980 a cidade do Natal sofreu um processo de expansão, motivado pela criação de conjuntos habitacionais, que acabou por consolidar o povoamento da área que ficava “do outro lado do rio”, o que hoje conhecemos por Zona Norte. Neste processo, foram criados novos bairros, incluindo o de Lagoa Azul – o mais distante da cidade, em relação ao centro da época (Cidade Alta). Seu nome tem origem na lagoa Azul, uma das várias que podemos encontrar naquela região. Durante o povoamento dos conjuntos habitacionais e loteamentos que compõem o bairro, as lagoas estiveram presentes no dia-a-dia dos moradores, que transferidos para uma área tão afastada da cidade, tiveram que manter relações com a natureza para sanar algumas de suas dificuldades do cotidiano, que iam desde a falta de água quando a ausência de espaços de lazer para as crianças. Desta forma, as lagoas, sobretudo a Azul, estão presentes na memória dos moradores do bairro de diversas formas. Para os mais antigos as lembranças são de um tempo de dificuldades, já para os mais jovens as lagoas eram onde brincavam aos domingos. Este trabalho tem como objetivo analisar de que forma alguns moradores de Lagoa Azul construíram variadas sensibilidades com as lagoas do bairro ao longo do tempo, bem como o preconceito criado na mentalidade dos moradores da cidade (em ambas as margens do rio Potengi), sobre aqueles que moravam em Lagoa Azul, foram capazes de provocar um processo de criação de identidade com o novo espaço de moradia. A partir dos relatos dos moradores, notícias de jornais e fotografias, analisar-se-á a fixação das pessoas nesta nova expansão da cidade e os tipos de relações que foram desenvolvidas com as lagoas neste processo, buscando compreender a ação do sensível e do preconceito na formação da identidade local.