Um olhar sobre a idade média
Tendo como ponto de partida a reflexão que nos afirma que o historiador está condenado a reescrever continuamente a história, o presente trabalho tem o propósito de analisar como essa afirmação se evidencia no transcorrer da historiografia humana.
Ao examinarmos algumas interpretações sobre o Medievo em determinados momentos históricos, e com apoio do texto “Somos Todos da Idade Média”, do historiador medievalista Hilário Franco Júnior, observaremos de que forma essas abordagens se constroem, demonstrando as diversas perspectivas de interpretar o período medieval.
Buscar-se-á também, tentar compreender o desafio do historiador que, influenciado diretamente pelo seu tempo, pode corroborar com determinados paradigmas ou, ao invés disso, tentar propor uma nova abordagem, uma nova visão, uma nova perspectiva.
2 UM OLHAR SOBRE A IDADE MÉDIA
A maneira de se interpretar a História é fruto do momento em que os fatos são abordados, ou seja, de acordo com Hilário Franco Jr., “a historiografia é um produto cultural que, como qualquer outro, resulta de um complexo conjunto de condições materiais e psicológicas do ambiente individual e coletivo que a vê nascer” (FRANCO, 2001, p. 14). Isso explica, portanto, o surgimento de novas interpretações de um mesmo tema, feito por historiadores diferentes, em locais diferentes, e em diferentes momentos históricos.
É possível compreender essa variedade de interpretações, segundo Peter Burke, “só percebemos o mundo através de uma estrutura de convenções, esquemas e estereótipos, um entrelaçamento que varia de uma cultura para outra” (BURKE, 1992, p. 15). E por que não dizer de uma época para outra?
O período histórico compreendido entre os séculos V e XV, que ficou conhecido como Idade Média, teve esse termo difundido por renascentistas, como uma forma de destacar esse momento histórico em detrimento do anterior, atribuindo uma característica negativa a essa fase do desenvolvimento da civilização. Para os