um olhar sobre dois "a"
Engº agrº EDUARDO P. CASTANHO Fº1
A água está na pauta. Ou melhor sua recente e crescente escassez, seja para abastecer as populações urbanas, seja para produzir energia. Em todas as análises sobre essa questão a agricultura é colocada como uma das grandes responsáveis por isso, dado que é apontada como a maior “consumidora”.
Mas, por que “falta água”? E, a agricultura é culpada disso? Será possível produzir alimentos sem usar água?
As explicações que serão fornecidas têm o intuito de desmistificar algumas noções que existem entre agricultura e o consumo de água. Para melhor compreensão dessa questão do consumo, e ainda, suas relações com a agropecuária e as florestas, é preciso entender de modo sucinto o funcionamento dos aspectos técnicos do “ciclo hidrológico”, com uma perspectiva histórica.
Numa situação primitiva, com o terreno recoberto por florestas nativas, ao ocorrer uma precipitação, parte da água é retida nas folhas das copas e fornecida lentamente ao solo através dos galhos, troncos e raízes, indo se acumular no lençol freático que, por sua vez, vai alimentar as nascentes e manter as reservas. Uma parte dessa água da precipitação também vai, por “deflúvio superficial”, ou seja a água que escorre, para os cursos d’água. Esse quadro é produto de um demorado processo de formação do subsolo, dos solos e da vegetação.
Quando há uma interferência humana nesse delicado equilíbrio, por exemplo, suprimindo a vegetação nativa e introduzindo culturas agrícolas, pastagens, ou mesmo florestas, várias modificações acontecem. Em primeiro lugar há um aumento do deflúvio superficial, fazendo com que parte da água, que era captada pelas copas florestais, passe a ir mais rapidamente para os cursos d’água, e consequentemente alimentando com menores quantidades o lençol freático existente. Isso tenderá a reduzir, em longo prazo, o volume total de água disponível nas reservas subterrâneas. Quaisquer culturas agrícolas,