um futuro
MAX WEBER:
DEMOCRACIA PARLAMENTAR OU PLEBISCITÁRIA?1
Carlos Eduardo Sell
RESUMO
Em seus últimos escritos políticos, Weber debateu com intensidade os desafios colocados para a Alemanha naquele momento histórico. Acompanhando o final do II Império e os primeiros passos da República de
Weimar, o autor transitou da preferência por um modelo parlamentar de democracia para sua variante plebiscitária. O presente trabalho retoma essa discussão e busca situá-la no contexto da evolução política do pensamento de Weber. Ao mesmo tempo, busca-se reconstruir a argumentação weberiana destacando o papel que a temática das instituições, da democracia e da racionalidade ocupam em sua avaliação dos modelos parlamentar e plebiscitário da democracia. Na parte final, o esquema anterior é retomado para sugerir uma agenda teórica que evidencie as possibilidades e atualidade das problemáticas contidas na sociologia política que emerge dos escritos político-conjunturais de Weber.
PALAVRAS-CHAVE: Weber; democracia; parlamentarismo; presidencialismo; instituições; racionalidade.
I. INTRODUÇÃO
Ao refletir sobre os rumos do Estado alemão no final do II Império e nos primeiros anos da
República de Weimar, Weber apresentou uma significativa mudança de avaliação política. Enquanto o Weber de 1917, de Parlamento e governo na
Alemanha reordenada (WEBER, 1980), apresenta um renovado Parlamento como a dimensão fundamental da democracia moderna, o Weber de
1919, de O Presidente do Reich (WEBER, 2004b), não tem dúvida em afirmar que “é necessário absolutamente que o futuro Presidente do Reich seja eleito pelo povo” (WEBER, 2004a, p. 503). De um lado, um Weber “parlamentarista” e, ao final, uma visão enfaticamente “presidencialista”? Qual o significado e o alcance dessa redefinição? Longe de ser secundária, a abrupta modificação de
Weber desencadeou importantes polêmicas nas quais estavam implicadas não apenas