Um discurso sobre as ciências
Neste livro, o autor Boaventura de Sousa Santos fala sobre a transição de paradigma que nossa geração está enfrentando. Isto porque se até o presente momento estives sob a proteção do modelo racionalista científico e que pareceu conseguir responder as questões do nosso passado, agora no nosso presente parece este modo de pensamento não mais conseguir com tal influência, causando desconforto para outras áreas da ciência que por inúmeras razões não se encaixam na predisposição científica e racional.
O paradigma cujo estamos tentando atravessar tem dúvidas no sentido de reconhecer se as potencialidades científicas e tecnológicas são suficientes para responder às questões da ciência. Isto porque o que observamos em regra é que o cartesianismo acabou por reduzir as ciências em tamanhos fragmentos que elas parecem não resolver o propósito de sua gênese. Doutro modo, parece ao autor que o estudo das ciências humanas descartou o próprio ser humano de seu objeto, supervalorizando as questões do meio em preponderância ao próprio ser, que é sujeito direto de tudo o que pensa e cria.
Sobre o paradigma que estamos tentando superar, podemos definir que a teoria cartesiana carrega uma essência aristotélica acumulada, principalmente no que se refere à exasperação da dúvida, sendo que tudo o que não poder ser provado se torna passível de ser inverídico. Esta simples afirmação, diz o autor, exclui automaticamente os outros campos do saber que não são regidos por este sistema de comprovação empírica. Sobre as ciências humanas, nenhuma delas pode sujeitar-se a dizer que uma lei única e universal pode valer para o próprio humano. Por ser ele um sujeito extremamente flexível,é que o ser social merece ser tratado com personalidade humana e não apenas conotação científica.
E, segundo o autor, reside aí um dos grandes embustes do paradigma racionalista. Porque se o modo de pensar dominante diz que devemos enxergar o mundo