Um campo ampliado: Convergências entre arte e comunicação
CONVERGÊNCIAS ENTRE ARTE CONTEMPORÂNEA E COMUNICAÇÃO
Hertha T. Silva1
As coisas e os pensamentos crescem ou aumentam pelo meio, e é aí que a gente tem de se instalar, é sempre este o ponto que cede.
DELEUZE, Gilles. Conversações.
Introdução
A configuração contemporânea, em toda sua especificidade circunscrita pelo avanço tecnológico, desvela o quanto o campo artístico e o campo comunicacional são interatuantes.
Há um aumento da complexidade de ambos os campos, que é proporcional a confluência de territórios comuns pelos quais coabitam. As ‘novas comunicações’ balançaram profundamente o mundo da arte. Revela-se assim a impossibilidade de desassociar esses dois campos quando se busca lançar reflexões sobre a arte contemporânea.
Anne Cauquelin (2005) decorre sobre o tema das transformações do domínio da arte a partir da seguinte constatação: nós passamos do consumo a comunicação2. No entanto, segundo a autora, mesmo sendo essa uma constatação banal, pois a maioria dos campos do conhecimento passam a analisar e considerar essa nova configuração, o campo da arte ainda se mantém fechado às análises e reflexões sobre mudanças mais profundas em sua dinâmica.
(...) a arte parece continuar fora de qualquer análise consistente da mudança de perspectiva. Fato ainda mais estranho, as práticas artísticas absorvem bastante essa modificação, mas não suscitam nenhum comentário que as leve em conta para reformular os princípios de seu exercício (CAUQUELIN, 2005, p.56).
Em busca de horizontes para tentarmos identificar convergências entre arte e comunicação, admitimos que tanto em suas historicidades quanto de um ponto de vista sincrônico, as convergências entre as comunicações e as artes constituem uma questão que, além de inegável,
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Hertha T. Silva é discente do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade
Federal de Goiás (Mestrado em Comunicação). Com Especialização em História Cultural pela
Faculdade de