Um Brasil mais quente
Primeiros cenários usando modelos climáticos regionais apontam para secas e inundações mais severas sob temperaturas mais altas e umidade mais baixa, com impactos sobre a saúde humana e a produção de alimentos | C ARLOS F IORAVANTI
30
DEZEMBRO DE 2006
PESQUISA FAPESP 130
nomia”, diz José Antonio Marengo Orsini, meteorologista do
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe e coordenador desse trabalho. “Podem também embasar políticas públicas que procurem reduzir os prejuízos associados às mudanças do clima, por meio da redução de desmatamentos e da emissão de gases do efeito estufa.”
Até agora só era possível imaginar os impactos das mudanças climáticas no Brasil por meio das projeções dos modelos globais. Feitos por instituições dos Estados Unidos ou da Europa, fornecem uma visão panorâmica de grande escala, com as médias das temperaturas continentais, não muito úteis para as avaliações de impactos climáticos regionais. Por lidarem com uma escala bem menor, os modelos regionais indicam, por exemplo, se pode haver variação no volume de água das bacias hidrográficas e assim prever problemas no abastecimento de cidades ou para a navegação. “É como se agora olhássemos o
Brasil com uma lupa”, diz Marengo. Segundo Pedro Leite da
Silva Dias, professor da Universidade de São Paulo (USP), modelos regionais como o do Inpe podem ser bastante úteis para entender processos climáticos específicos e tentar descobrir se a brisa marinha continuará chegando à cidade de São Paulo ou se vai mudar a freqüência de tempestades do Paraguai para o sul do Brasil.
Vulnerabilidade – Os gráficos e os mapas com as projeções de mudanças climáticas, que saem dos supercomputadores do CPTEC, indicam uma elevação de 2° a 3° Celsius (C) na temperatura média anual de quase toda a faixa litorânea e boa parte do interior do Brasil, enquanto em uma área ao
EDUARDO CESAR
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