Ultima Carta de Pedro Maia
282 palavras
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Este quarto sufoca-me. Cada dia que passa sinto que o tempo, a pouco e pouco, retrocede lentamente. A falsa barreira que pensava me proteger foi corruída pelos meus próprios sentimentos. À medida que o tempo avança e retrocede nestes passos aleatórios e confusos, a minha mente vai sendo invadida por imagens dela e o meu coração vai gelando. Todo o amor partilhado foi devolvido em ruínas. As mágoas vão descolorindo a minha alma a cada segundo que passa... já quase não a vejo. Todas as responsabilidades que larguei recaem-me na consciencia como uma âncora. É tarde demais, já não consigo sair daqui. A porta que antes era tão leve de abrir tornou-se agora mais pesada do que a minha consciência. Sempre fui de vidro. Não quero magoar ninguém mas... tenho de me partir.
Encontro-me perdido na minha mente, preso em emoções negras e solitárias. Não paro de pensar nos acontecimentos recentes, não consigo viver com eles. Quando lerás isto ja terei partido, sei que fui uma desilusão para ti pai, peço desculpa, mas por favor toma conta do Carlos como se fosse teu filho, educa-o como me querias ter educado, mas não deixes que ele se torne como eu. Num fraco, sem coragem, sem força, sem os genéticos dos Maias. Peço-te que escondas também a identidade da sua mãe e irmã, diz-lhe que morreram vitimas do negócio do pai, diz-lhes que tiveram um acidente numa viagem, qualquer coisa, desde que estejam mortos para ele não ir à sua procura. É o meu último desejo pai.
Ate qualquer dia.
Obrigado por