Retorica e democracia
Filosofia, Retórica e Democracia
Introdução As relações interpessoais sempre deram origem a um vasto número de situações problemáticas caraterizadas pela inexistência de uma resposta objetiva. Cada problema possibilita o aparecimento de um leque variado de respostas, todas elas de valor discutível, pelo que terão de ser confrontadas até se chegar a um acordo, e é na divergência de perspetivas que a argumentação tem um lugar assegurado, apresentando-se como o processo mais eficaz de solucionar as questões humanas. O processo argumentativo consiste na apresentação de uma ou mais teses ou pontos de vista, os quais ficam sujeitos ao juízo crítico dos participantes no processo. Deste modo, cada tese faz-se acompanhar de argumentos com um elevado grau de razoabilidade. Por isso a argumentação é imprescindível à dinâmica inerente à vivência em sociedades democráticas.
Caráter argumentativo da filosofia Desde os meados do século XX que a filosofia tem vindo a assumir-se como uma atividade discursiva. Vários têm sido os filósofos a evidenciar os seus aspetos discursivos e a referir-se à argumentação como o método filosófico. Entre os fatores que mais contribuíram para a tendência discursiva da atividade filosófica, destacam-se os seguintes:
A Crise dos valores tradicionais;
O descrédito das ideologias;
A velocidade com que se produzem as mudanças sociais;
A tendência generalizada para os povos se organizarem politicamente sob a forma democrática;
Estes e outros fatores contribuíram para a divulgação de uma certa descrença em verdades absolutas e para o consequente modo de pensar relativista. Cada vez mais as verdades filosóficas deixam de ser pontos de partida inquestionáveis para passarem a ser, alvos de insistentes críticas. O pensamento dos filósofos deixa de ser um quadro de inteligibilidade posteriormente aceite, para se reduzir a um conjunto de opiniões plausíveis. As conclusões a que chegam só