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Para Baena Soares, ex-secretário-geral da OEA, sobrevivência do bloco é extraordinária, mas não suficiente
ROBERTO SZATMARIPEDRO HENRIQUE KUCHMINSKICOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Mercosul precisa ser revisto, e o Brasil tem de investir mais na integração física e na parte educacional do bloco. A avaliação é do embaixador e ex-secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) João Clemente Baena Soares, 81.
Integrante do Painel de Alto Nível, que sugeriu reformas à ONU em 2004, Baena Soares diz que o Mercosul precisa se perguntar o que quer. Em entrevista à Folha, ele fez um balanço dos 22 anos do bloco e afirmou que sua sobrevivência, embora extraordinária, não é suficiente.
Folha - Qual o interesse do Brasil e do Mercosul em manter o Paraguai no bloco?
Baena Soares - O Paraguai é um elemento importante, até mesmo indispensável, à construção do Mercosul. Podemos ampliá-lo, mas os quatro países originais têm cada um a sua contribuição.
Qual sua visão sobre a suspensão do Paraguai do Mercosul?
Há opiniões contrárias ao que foi decidido, de autoridades no direito internacional e no direito constitucional dos países. Respeito a todos, mas é um fato que já pertence à história, portanto já está liquidado. Agora, [o importante] é atrair o Paraguai de volta ao Mercosul e à Unasul.
O governo de Cartes já sinalizou que tem interesse em normalizar relações com o bloco.
Seria excelente para todos. Além da Venezuela e da Bolívia, que está no vestíbulo para entrar, há outros [interessados]. Então o Mercosul se alarga. O Mercosul não vai se alargar tanto para absorver todos os países da América do Sul, mas vai contribuir para a consolidação da Unasul.
Então o Mercosul é hoje o braço comercial da Unasul?
O que não era a ideia inicial. O Mercosul não era para ser só uma organização comercial, e sim de integração. Não se faz integração só na estatística; ela se faz