Técnica da Representação Teatral
(Stella Adler)
- O Ator e a Profissão
“Queria que o palco fosse uma corda esticada onde nenhum incompetente ousasse caminhar.” (Goethe)
Goethe está falando, é claro, a partir do ponto de vista de um autor. Este é o enorme e frustrante desafio do ator ao representar peças escritas por Goethe e outros grandes dramaturgos. (...)
O ator moderno deve ter virtudes que o dramaturgo, talvez, não tenha, e uma delas é o instinto que o estimula a atuar. Este instinto é mais forte do que nós sabemos ou podemos analisar. O ser total de um ator – mente, espírito, alma e aquela incontrolável essência que é o talento – deve estar dedicado à sua arte. Nesta vida, muitas pessoas são obrigadas a usar apenas uma faceta de si mesmas. Todos os outros eus criam uma inquietação incomparável na alma do ator, e é isto o que lhe motiva o talento ser revelado.
Há mais de um século têm havido muitos estilos em literatura: realismo, expressionismo, simbolismo e assim por diante. Um autor tem muitos anos para explorar tais estilos, passados e presentes. O jovem ator deve fazer todas essas mudanças de estilo virem à tona no presente. Para superar os obstáculos, o jovem ator de hoje pode contar com uma escola de atuação, e este talvez seja o primeiro passo que o conduza à profissão teatral.
Frequentemente, o ator inicia sua carreira sem modelo algum. Em outros períodos do teatro, o principiante era influenciado por atores de grande talento. Ele entrava no palco trazendo um germe e, desse modo, lentamente aprendia seu ofício através de peritos, como Salvini e Kean. Em tempos mais recentes, as escolas de interpretação eram muitas vezes vinculadas a teatros, e o ator acabava por tornar-se parte desse teatro. Primeiro tornavam-se atores – e depois diretores e também professores. O Teatro de Arte de Moscou é um exemplo disso. (...)
(...) O ator de hoje precisa ser ajudado. Aqui, a influência do professor é