TÃO HUMANO QUANTO VOCÊ: POR UM SEGUNDO DE VIDA, DE AFETO E DIGNIDADE.
Considerações sobre a ética do aborto em casos de anencefalia.
Prof.ª Dr.ª: Rita Helena Gomes
Sobral, Outubro de 2013
O presente ensaio é dedicado a Vitória de Cristo, bebê diagnosticado com anencefalia logo no ventre da mãe, Joana, a qual merece aqui também o nosso respeito e admiração por sua coragem e amor supremos, evidenciados através da coerente e – na sociedade em que vivemos podemos acrescentar – nobre atitude de consentir que aquela viesse ao mundo, acreditando que cada segundo de vida, por mais curta que ela seja, vale à pena; e que sua duração exata foge a qualquer diagnóstico médico. Vitória surpreendeu a todos, desfrutando dois anos de momentos felizes ao lado de sua família, recebendo todo carinho e atenção que é de direito de qualquer criança. Também viveu momentos difíceis como todo mundo. Seus pais lutaram por sua vida até o fim, quando, então, pôde partir naturalmente, com a dignidade que lhe era devida.
Que teremos que morrer um dia, é tão certo como não se pode recolher a água que se espalhou pela terra; mas Deus não tira a vida; pelo contrário, cria meios para que o banido não permaneça afastado dele. (2 Samuel 14:14)
A questão do aborto vem sendo discutida ao longo dos anos e com o passar do tempo tem adquirido novas perspectivas. Contudo, o tema continua apresentando-se de forma polêmica, dada a proporção de sua abrangência, a saber, os âmbitos ético, legal, econômico, religioso, social e psicológico.
Existem atualmente, acerca da prática do aborto, algumas restrições que variam conforme a legislação local. Em muitos países europeus já é lícito. No Brasil, o aborto de modo geral é criminalizado, exceto em casos de estupro e que envolva risco de vida à mãe. No presente ensaio nos deteremos ao aborto por anencefalia, que corresponde a uma