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Roger Bacon (1214-92)
Opus Maius (1268), parte VI: “De Scientia Experimentali”. Baseado na tradução inglesa que aparece em Thatcher, O.J. (org.), The Library of Original Sources, University Research Extension Co., Milwaukee, 1901, vol. V, pp. 369-376, disponível na internet no site http://www.fordham.edu/ halsall/source/bacon2.html . Há também uma tradução diferente de trechos em Crombie, A.C. (1953), Robert Grosseteste and the Origins of Experimental Science 1100-1700, Clarendon, Oxford, pp. 140-2. Tradução feita para o curso de Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência I (FLF0366), prof. Osvaldo Pessoa Jr., 2o semestre de 2010.
Tendo delineado os principais pontos da sabedoria dos latinos com relação à linguagem, matemática e óptica, desejo agora rever os princípios da ciência experimental, pois sem a experiência é impossível conhecer algo de maneira suficiente. Há dois modos de se adquirir conhecimento: uma pela razão e outra pela experiência. O raciocínio leva a uma conclusão e nos compele a aceitá-la, mas não torna a conclusão segura, nem remove a dúvida para que a mente possa descansar na intuição da verdade, a não ser que a mente encontre a certeza pelo caminho da experiência. Muitos têm argumentos sobre o que pode ser conhecido, mas, por não terem tido experiência, eles negligenciam os argumentos e não evitam o que é danoso, nem seguem o bom caminho. Pois se um homem que nunca viu o fogo pudesse provar, por raciocínios adequados, que o fogo queima, que devora e destrói coisas, mesmo assim sua mente não estaria satisfeita e nem evitaria o fogo, até que pusesse neste sua mão ou alguma coisa combustível, de forma a provar pela experiência o que o argumento ensinou. Mas, depois da experiência da combustão, sua mente se assegura e se acalma na certeza da verdade. Portanto, argumento não basta, mas experiência sim. Isso é evidente até na matemática, onde a demonstração é a mais segura. A mente de um homem que recebe a mais