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A ética kantiana representa uma ruptura em relação à concepção prevalente no mundo antigo e medieval. Como visto na aula anterior, a ética aristotélica se apresenta como uma ética da felicidade (eudaimônica) e da finalidade (teleológica), cuja noção de natureza humana é determinante para atingir a excelência. Kant recusa a procura da felicidade ou qualquer outro bem como finalidade da ação humana. Sua crítica à possibilidade de conhecermos a essência (númeno) do mundo e das coisas, determina a produção de uma ética do dever da ação humana. A norma moral se apresenta ao homem em função da universalidade de sua aplicação, independente da intenção, subjetividades e propósitos. A partir de agora estudaremos esta ética do dever
. Vem do termo eudemonismo, designação da doutrina que estuda o conjunto de idéias acerca da felicidade e da virtude. Na Antiguidade, o entendimento era de que a felicidade significava o sumo bem. A busca dessa felicidade é o fim da ação moral. Eudaimonia corresponde à felicidade. A vida ética deve ser uma vida feliz.
Immanuel Kant é considerado um dos grandes filósofos do século XVIII. Nasceu, viveu e morreu em Konisberg, na Prússia. Escreveu várias obras, dentre elas destacam-se: Fundamentação da metafísica dos costumes (1785) , Crítica da razão prática (1788) e Metafísica dos costumes (1798) nas quais desenvolveu a sua filosofia moral.
Como nosso conhecimento é derivado da conformação dada aos fenômenos apreendidos por nossa intuição sensível pelas formas a priori de espaço e tempo, tudo o que podemos chamar de conhecimento se resume ao que for apreendido pelos sentidos e organizado pela razão. Nada há em Deus, na alma e na liberdade que possa ser apreendido sensorialmente; daí estarem além dos limites da razão pura. A conseqüência imediata é a de que Kant recusa duas fontes possíveis de fundamentação da ética: a religião e a ciência.
Já que Deus, a alma e a liberdade são ilegítimas do ponto de