Tropicália
Tropicalismo: As Relíquias do Brasil em Debate
Marcos Napolitano
Universidade Fedederal do Paraná
Mariana Martins Villaça
Mestranda em História Social-USP
RESUMO
Este artigo procura analisar historicamente o movimento tropicalista de 1968, seguindo dois caminhos: uma breve revisão crítica do debate intelectual em torno do tema; a reflexão sobre a trajetória histórica dos protagonistas e suas criações. Procuramos enfatizar o caráter ambíguo do legado cultural tropicalista, ao propor uma crítica cultural radical dentro das estruturas do consumo de massa. À luz deste projeto tropicalista, procurando evitar juízos de valor, apontamos para algumas problemáticas que possam nortear futuras pesquisas.
O SURGIMENTO DO TROPICALISMO: EXPLOSÃO OU IMPLOSÃO
A comemoração dos 30 anos do chamado Tropicalismo ou Tropicália, incentiva a inclusão deste tema na pauta nas discussões acadêmicas, sem falar na mídia em geral. Discutir a importância histórica do Tropicalismo a partir de uma perspectiva histórica sem nos restringir aos lugares-comuns que dominam o tema não é uma tarefa muito fácil, até porque, em larga medida, somos tributários, cultural, política e esteticamente, daquela tradição cultural iniciada entre 1967 e 1968.
O Tropicalismo, logo depois de sua "explosão" inicial, transformou-se num termo corrente da indústria cultural e da mídia. Em que pesem as polêmicas geradas inicialmente (e não foram poucas), o Tropicalismo acabou consagrado como ponto de clivagem ou ruptura, em diversos níveis: comportamental, político-ideológico, estético. Ora apresentado como a face brasileira da contracultura, ora apresentado como o ponto de convergência das vanguardas artísticas mais radicais (como a Antropofagia modernista dos anos 20 e a Poesia Concreta dos anos 50, passando pelos procedimentos musicais da Bossa Nova), o Tropicalismo, seus heróis e "eventos fundadores" passaram a ser amados ou odiados com a mesma intensidade.