Triste fim de Policarpo Quaresma
- Excelência (juiz): Em vista destas considerações, o requerente, Policarpo Quaresma, usando do direito que lhe confere a Constituição vem pedir que o Congresso Nacional, decrete o idioma indígena tupi-guarani como língua oficial do Brasil.
- Figurante 1: Isto é um absurdo Vossa Excelência, este homem é um louco!
- Figurante 2: Isso é ilegal!
- Figurante 3: Vossa Excelência, onde estamos? Na casa do povo ou em um Manicômio?!
- Excelência (juiz): Silêncio Senhores! Silêncio!
- Policarpo Quaresma: Excelentíssimo! Eu peço a palavra.
- Figurante 3: Palavra negada! O senhor não é deputado.
- Figurante 4: Palavra concedida. É um cidadão contribuinte. Afinal, isto aqui não é a casa do povo?
- Figurante 3: O senhor é um filho da puta!
- Figurante 4: E o senhor é um canalha! Eu vou lhe quebrar a cara.
- Excelência (juiz): Com a palavra, o cidadão Policarpo Quaresma, autor da proposta.
- Policarpo Quaresma: Vossa Excelência, nobres deputados cidadãos brasileiros. A língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo e sua criação mais viva e original e, certamente, a emancipação política de uma nação exige uma libertação idiomática!
- Figurante 3: Eu discordo! Língua de índio não liberta ninguém! Não pode ser escrita. Não vai ter mais jornal nem livro.
- Todos: É isso mesmo!
- Excelência (juiz): Silênciooo!
- Policarpo Quaresma: A língua portuguesa é emprestada ao Brasil. A língua tupi-guarani não! É criação dos que viveram e ainda vivem aqui. Por isso é capaz de traduzir as nossas belezas aproximarmos da natureza, adaptando-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais.
- Figurante 4: Vossa Excelência, eu por acaso não estou nu. Ninguém nesta sala está nu. Então porque falar a mesma língua desses selvagens?
- Índio: Canalha! Sou descendente dos guaranis. Meu bisavô era cacique! A influência dos índios e muito positiva para os brasileiros!
- (todos): Ahhh! Senta aí! Fique quieto!
- Policarpo Quaresma: A língua dos índios é a verdadeira