Tratado persa...um embate econômico
Karl Marx
Fonte: The Marxists Internet Archive
Tradução: Jason Borba
Os ingleses vêm neste momento de terminar uma guerra na Ásia e já se engajam numa outra. A resistência oposta pelos persas e a que os chineses até o presente opuseram à invasão britânica oferecem um contraste digno de nossa atenção. Na Pérsia o sistema de organização militar europeu foi implantado sobre a bárbarie asiática; na China a deteriorada semi-civilização do mais antigo estado do mundo faz face aos europeus com seus próprios recursos. A Pérsia sofreu uma derrota remarcável enquanto a China em desespero, semi decomposta, encontra um sistema de resistência que, se for aplicado, tornará impossível a repetição das marchas triunfais da primeira guerra anglo-chinesa.
A Pérsia se encontrava num estado semelhante àquele da Turquia durante a guerra de 1828-29 contra a
Rússia. Os oficiais ingleses, franceses, russos haviam empreendido sucessivamente reorganizações do exército persa. Os sistemas foram se sucedendo e cada um se esgotando por causa do ciúme, das intrigas, da ignorância, da cupidez e da corrupção dos orientais, os quais esses mesmos sistemas deveriam transformar em oficiais e em soldados europeus. O novo exército regular jamais teve ocasião de submeterse a um teste de sua organização e de sua força no campo de batalha. Suas façanhas ficaram reduzidas a algumas campanhas contra os curdos, os turcomanos e os afegãos, onde serviu como um tipo de núcleo de reserva à numerosa cavalaria irregular da Pérsia. Esta última enfrentou a dureza do combate real; os regulares, em geral, somente tinham que se impor ao inimigo com suas formações formidáveis apenas na aparência. E finalmente, estourou a guerra contra a Inglaterra.
Os ingleses atacaram Bouchir e aí encontraram uma resistência valente, se bem que ineficaz. Mas os homens que combateram em Bouchir não eram os regulares: eram aquelas levas irregulares de habitantes persas e árabes da costa. Os