Peloponeso
Pedro Paulo Funari
A Guerra do Peloponeso pode ser considerada, a justo título, um conflito de importância histórica ímpar. Ainda que a guerra tenha terminado há 24 séculos, continuou a fascinar as gerações posteriores e serviu como instrumento analítico para entender inúmeros conflitos posteriores e, mais recentemente, a Primeira
Guerra Mundial e a Guerra Fria. Serviu de referência não apenas para historiadores, como generais, diplomatas, estadistas e estrategistas. Por sua significação para os destinos da história posterior, a Guerra do Peloponeso foi considerada particular, ao selar o destino das cidades independentes gregas, conhecidas como póleis. Primeira guerra em larga escala travada em um contexto democrático, de discussão pública das decisões, tem servido, de geração em geração, ao debate sobre a relação entre regime político e guerra.
No campo militar, stricto sensu, a Guerra do Peloponeso foi também inovadora, com a introdução ateniense da estratégia defensiva de abandono do campo, concentração da população na cidade, fortalecimento da Marinha e, condição sine qua non, introdução de um esquema de abastecimento fundado na obtenção de recursos dos seus aliados, com um sistema imperial de sustentação do esforço de guerra. A estratégia militar ateniense representou, de fato, uma revolução logística que serviria, posteriormente, de modelo aos grandes exércitos macedônicos e romanos, também fundados em grandes impérios que abasteciam as tropas. [pag.
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UMA BREVE APRESENTAÇÃO
A Guerra do Peloponeso pode ser definida como a disputa entre Atenas e seu império contra Esparta, Tebas, Corinto e outros membros da Liga do Peloponeso, entre 431 e 404 a.C. (Uma primeira guerra nesses moldes já havia ocorrido entre 460 e 455 a.C.) As batalhas deram-se em ampla área, da Sicília, ao ocidente, até a Ásia
Menor, ao oriente, do Helesponto e a Trácia, ao norte, até Rodes, ao sul.
Foi a primeira grande guerra narrada por