Do lado de cá, de Walnice Galvão analise
Um rio é constituído por duas margens, a do lado de cá e a do lado de lá, que reciprocamente se remetem. Entretanto, entre elas corre o rio, imagem da continuidade; e no rio navega uma canoa, imagem da descontinuidade. A passagem do tempo é insignificante para o rio, fundamental para a canoa e seu ocupante. O período de uma vida, de cada vida, não é nada quando comparado com a lentíssima história da espécie; mal se começa a desconfiar que se está vivo e já é hora de morrer. A inevitabilidade de viver e de morrer, quando vistas a vida e a morte como solidárias — só morre o que vive e só vive o que morre —, implica a continuidade do processo vital, em que vida e morte são razão e causa uma da outra. O rio, então, tem duas margens, que são; e uma terceira margem, que não é. (GALVÃO, 2008, p. 41-42)
Digamos que a terceira margem do rio, nos desafia a compreender, a questionar, nos leva a tentar enfrentar o desconhecido. Diria que é a razão buscando entender, compreender o que lhe escapa. É isso que Walnice tenta nos mostrar a partir de suas reflexões sobre o texto: A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa. Ela discorre sobre o que a vida e a morte representam na vida de um homem, e o