Transtornos alimentares
O olhar atento para o trabalho permite observar uma enorme gama de modos de trabalhar e de estar no trabalho, que vão muito além das linhas de produção fordistas que historicamente moldaram e simbolizaram a idéia de trabalho no imaginário social. Além da atividade fabril, podemos observar a ampliação do trabalho terceirizado, do trabalho informal e de atividades no setor de serviço.
Assim, buscamos a seguir mostrar como o olhar a partir do cotidiano de trabalho evidencia distintos modos de vivenciar, de atribuir sentido e de estar em diferentes tipos de organização do trabalho. Optamos por apresentar sinteticamente três exemplos de situações de trabalho que foram objetos de pesquisas no campo da psicologia social do trabalho (Bernardo, 2006; Sato, 2006; Oliveira, 2005), nas quais se buscou compreender os arranjos, as permutações, as combinações e as negociações que configuram diferentes formas de estar no trabalho. As três pesquisas apoiaram-se em metodologias qualitativas, partindo da análise dos processos cotidianos de trabalho através da observação etnográfica ou de entrevistas semi-estruturadas.
São situações muito distintas, mas que, justamente por isso, são representativas em relação ao “caleidoscópio” (Ianni, 1992) que configura o mundo do trabalho. Os três casos ilustram diferentes situações de governo do trabalho, nas quais é possível visualizar matizes no espectro que vai da heterodeterminação à autodeterminação, dentro do qual negociações, acordos e conflitos abertos são conduzidos. A contribuição que se pretende oferecer é a de uma psicologia social que aborda os processos cotidianos de trabalho como processos micropolíticos, isto é, processos em que poder e controle comparecem como categorias fundamentais.
As situações mostradas são: a) a diferença entre o discurso gerencial e a vivência dos trabalhadores em duas montadoras de automóveis de origem japonesa, cujo modelo de