Transtorno bipolar
Loucura, melancolia, mania, fúria divina, possessão, bruxaria, tristeza, demência, psicose, depressão. Até chegarmos no Transtorno do Humor Bipolar, um grande caminho foi percorrido, que iniciou na Grécia e Roma juntamente com a história da nossa civilização. Descrever o seu trajeto é descrever a história da humanidade.
Os primeiros escritos sobre a existência da melancolia datam da civilização greco-romana e são descritas em personagens bíblicos como o rei Saul, no antigo testamento, e mitológicos, como na Ilíada, de Homero.
Saul, rei de Israel, um homem bravo, alto, forte e um valente guerreiro, luta contra os filisteus de maneira corajosa, mas em um dado momento, uma tristeza e um tormento tomam conta de sua vida. Não tem mais certeza de sua força e bravura, pensamentos de morte e tragédia passam a tomar conta dos seus dias, seus servos, preocupados, chamam a Davi, que tinha fama de tocar harpa e acalmar os estados de espírito; então, o atormentado rei se acalma. Saul melhora e tempos depois, volta a se sentir triste, desesperançoso e novamente atormentado. Não vendo saída para a sua situação, acaba por suicidar-se1.
Nos primeiros escritos médicos do século V, ainda havia muita influência da magia, fato que se modificou com os escritos naturalistas de Hipócrates1.
Hipócrates no século IV e V aC descrevia a melancolia (melan: negro; cholis: bile) como uma condição associada à aversão ao alimento, desalento, abatimento, insônia, irritabilidade e inquietude e afirmava que o medo ou a depressão prolongados significavam melancolia. Para ele, as doenças mentais seriam fenômenos derivados de um distúrbio humoral subjacente. Essa definição biológica que sobreviveu até o Renascimento fez parte da compreensão de que a saúde seria o equilíbrio dos quatro humores: sangue, bile amarela, bile negra e fleuma, e de que todas as doenças seriam produto do distúrbio desse equilíbrio A importância dessa teoria consiste na