Transposição rio são francisco
Uma breve volta ao passado mostra que a procura por soluções para o problema da seca no Nordeste é antiga. Desde a perda do poder político e econômico dessa região para o Sudeste, no século XVIII, a seca é pauta de discussões. A partir do século XIX, ela passou a ser tratada como uma questão de governo – e as ações implementadas para resolvê-la são basicamente as mesmas ao longo desse período.
A ocupação do território brasileiro pelos portugueses não ocorreu de forma imediata. Entre o descobrimento e o início de uma colonização organizada, decorreram cerca de 30 anos. O Nordeste foi a primeira área a ser ocupada, com base no sistema de Capitanias Hereditárias e tendo como principais atividades econômicas a exploração do pau-brasil e a produção de cana-de-açúcar, esta concentrada em áreas próximas ao litoral. A cidade de Salvador foi sede do Governo-Geral e o ponto de partida para a conquista de territórios mais ao norte, que hoje correspondem aos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, e para a expansão rumo ao interior do País, fundamental para assegurar a conquista do território pela Coroa Portuguesa.
Ao longo de um século, aproximadamente, os sertões ao norte do Nordeste brasileiro foram ocupados por portugueses ou brasileiros de descendência portuguesa cuja principal atividade era a pecuária. A retomada de Pernambuco – que durante 30 anos foi domínio holandês – serviu para estimular ainda mais a ocupação do interior do Brasil, tendo a pecuária, o cultivo do algodão e a agricultura de subsistência como principais fontes de sobrevivência.
A descoberta de ouro em Minas Gerais, no século XVIII, representou o início do declínio econômico e político do Nordeste. A principal cidade do Brasil-Colônia passou a ser o Rio de Janeiro, que se tornou a capital em 1763. O fortalecimento econômico do Sudeste e do Sul, no século XIX, criou o estigma do Nordeste como área carente e com menos possibilidades de desenvolvimento. Essa posição foi fortalecida