Transposição do rio são francisco - realidade e mito
[pic] Roberto Malvezzi (Gogó), da Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
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1 – Alguns elementos fundantes.
Antes de mais nada, quero deixar claro que estou entre aqueles que acham que a água deve ser um instrumento de paz entre os povos e não de guerra. Estou também entre aqueles que querem resolver, de uma vez por todas, os problemas básicos de fome, sede e pobreza enfrentados por grande parte da população do semi-árido. Nosso semi-árido, com seus 900 mil km quadrados, com aproximadamente 20 milhões de habitantes, mas com um dos índices de desenvolvimento humano mais baixos de todo o planeta quer uma saída, busca uma saída e tenho a convicção que nós estamos construindo essa saída.
Antes de entrar propriamente no assunto quero me referir a três fatos pessoais que estão relacionados com a questão do São Francisco.
Primeiro, eu trabalhei durante 12 anos dentro do Rio São Francisco. Conheço bastante o rio até por uma vivência pessoal.
Segundo, tenho uma fotografia em casa da inauguração da cisterna nº 1 do PIMC. Esses dias, por um acaso, revi a foto. E me chamou a atenção que entre nós está o Ministro Sarney Filho inaugurando a cisterna. Ao fundo, corre o rio São Francisco. O simbólico dessa foto é que, há pouco mais de mil metros do rio, se aquela família quis ter água de qualidade para beber, teve que fazer uma cisterna de captação de água de chuva.
Em terceiro, esse debate – já me referi em um artigo que pus na Internet – me parece um prolongamento da conversa que tivemos com Lula e outras pessoas na caravana dele pelo São Francisco em 94. Conversando sobre o futuro rio, falávamos a ele sobre a situação de decadência progressiva do rio. A mídia pressionava para que se pronunciasse sobre a transposição. Então, num gesto de ímpeto, afirmou: “Se eu ganhar essa eleição, formo uma comissão de alto nível e se esse projeto (disse outra expressão) for viável eu gasto não um,