transposição do rio são francisco
Sai governo e entra governo e a transposição do rio São Francisco sempre volta à tona. Mais de 100 anos de badalação — desde o final do Império que se fala em trazer águas do rio São Francisco para os estados do Nordeste setentrional, CE, RN, PB e PE — transformaram o projeto num dos maiores mitos do país, sempre propagado como a solução mais efetiva para enfrentar a problemática da seca, cuja solução constitui-se no maior sonho de inúmeras gerações de Nordestinos.
“O Sertão vai virar mar”, profetizava o Padre Cícero no início do século passado. De certa forma, ainda hoje persiste na região um caldo cultural que favorece a disseminação de propostas messiânicas como essa.
O semi-árido nordestino vem convivendo com um quadro crônico de estagnação econômica agravado pelas últimas secas que a região vinha atravessando. A seca é o pano de fundo, a motivação, e o combustível que mantém a chama acesa do projeto da transposição das águas do rio São Francisco, justificando os vultosos investimentos do projeto da transposição.
É nesse contexto que o projeto de transposição da São Francisco encontra-se inserido. Os principais argumentos favoráveis são os mesmos de sempre, baseiam-se na experiência de algumas obras de transposição em outros países. A principal justificativa enfatiza o custo de não fazer a obra, tendo em vista que o projeto é sempre apresentado como a panacéia que deverá eliminar os efeitos da seca na região.
Equívocos do projeto de transposição
O projeto, consolidado no imaginário das pessoas há bastante tempo, é muito ambicioso, para não dizer megalomaníaco, vem sendo apresentado pelo Governo como a redenção do semi-árido dos estados de PE, PB, RN e CE – uma grande região que engloba 1/3 do semi-árido nordestino e 80% do território desses estados – e tem como objetivo abastecer 8 milhões de pessoas, 268 cidades e irrigar 300 mil hectares de terras.
Na realidade, o projeto, caso