Transporte Rodoviário e Ferroviário de Cargas
Esta retórica - reproduzida em análises do resultado do segundo turno das eleições publicadas nos principais jornais do país - não é original do Brasil: está presente nos discursos da direita em todos os países da América Latina cujos governos, mesmo sem questionar as bases do modelo econômico neoliberal, desenvolveram políticas mais ou menos intensas de redistribuição da renda e melhoraram a qualidade de vida dos mais pobres, ou ampliaram os direitos de diferentes parcelas da população antes excluídas; todos esses governos são acusados por suas respectivas oposições à direita de "dividirem" seus respectivos países.Essa retórica é, além de ressentida, arrogante - na medida em que age como se a totalidade dos eleitores não tivesse memória histórica nem acesso à informação - e desonesta quando busca esconder o fato de todos os esses países já estavam duvidosa há séculos. Foi o que respondi ao deputado tucano.
Sim, o Brasil está dividido. Em primeiro lugar, pela divisão de classes própria do capitalismo, que, em sua versão brasileira, está marcado pela herança escravocrata que nos dividiu - a princípio literalmente e, depois, metaforicamente - em "casa grande e a senzala". Ora, segundo o censo do IBGE de 2010, os 10% mais ricos da população ganharam, nesse ano, 44,5% do total de rendimentos; enquanto os 10% mais pobres receberam menos de 1,1%. Esses números significam que quem está na faixa mais pobre precisaria poupar a totalidade de seus recursos durante três anos e três meses para acumular a renda média mensal dos brasileiros que pertencem à faixa mais rica.
E esses dois "brasis" - o da casa grande e o da senzala - correspondem também a outras