transiçao demografica
BRASIL: UMA AGENDA PARA
PESQUISA*
André Cezar Medici**
Kaizô Iwakami Beltrão***
Resumo
Este texto procura discutir algumas abordagens sobre a conformação do processo de transição demográfica, em nível geral e no Brasil. Identifica lacunas associadas a esse processo no caso brasileiro, destacando os aspectos relacionados à transição da mortalidade. Em seguida, propõe algumas linhas de investigação que procurem estabelecer alguns nexos explicativos sobre o processo de transição da mortalidade no Brasil, com base na relação entre a natureza do desenvolvimento econômico e a dinâmica das políticas sociais, particularmente as de saúde.
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Trabalho apresentado na “IV Conferencia Latinoamericana de Población”, realizada na Cidade do México, de 23 a 26 de março de 1993.
** Coordenador da Área de Políticas Sociais do Instituto de Economia do Setor
Público (IESP/FUNDAP) em São Paulo e presidente da Associação Brasileira de
Economia da Saúde (ABrES).
*** Superintendente da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e membro da Diretoria da
Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP).
PLANEJAMENTO E
POLÍTICAS PÚBLICAS
Nº 12 - JUN/DEZ
DE 1995
A
teoria tradicional da transição demográfica apresenta, como ponto de partida, três postulados centrais. O primeiro deles consiste no princípio da precedência no tempo da queda da mortalidade. Segundo este postulado, a transição demográfica se inicia com a redução da mortalidade, em função de conquistas associadas ao progresso técnico, tais como melhoria dos sistemas de saneamento
(especialmente nas cidades) e o combate a doenças transmissíveis. A alta mortalidade, especialmente a infantil, seria, portanto, o maior estímulo à manutenção das elevadas taxas de fecundidade no período pré-transicional.
O segundo postulado seria o da transição reprodutiva, a qual ocorreria em duas fases. Em