Trafico de escravos
[->0]
1. Os Escravos de Angola e a Ascensão da Hegemonia Europeia
Começamos por relembrar que, como resultado do Tratado de Tordesilhas firmado entre Portugal e Espanha em 1494, os dois reinos ibéricos dividiram o mundo entre si, cabendo aos Portugueses o hemisfério oriental incluindo a África com a sua riqueze em ouro e marfim, e com o seu manancial quase infinito de mão-de-obra, e a Índia com possibilidades infinitas no comércio das especiarias. Os Espanhóis, por seu lado, ficaram com o hemisfério ocidental que incluia os ricos depósitos de ouro e prata nas Américas e com o comércio do Pacífico, incluindo as Ilhas Molucas (Filipinas) no Extremo Oriente; contudo sem uma oferta abundante, rentável e segura de mão-de-obra, que podia ser fornecida somente pelos Portugueses.
Portugal foi o primeiro estado europeu a estabelecer colónias de base agrícola nas novas terras descobertas, inicialmente no Atlântico (Madeira), depois em África (São Tomé) e mais tarde na América do Sul (Brasil); contudo, com uma população relativamente escassa e tendo em atenção o sorvedouro de gente que a empresa da Índia requeria, os Portugueses depressa concluiram que a empresa da colónia agrícola de plantação era de facto muito rentável, mas que requeria outra fonte de mão-de-obra que não somente colonos portugueses, descobrindo assim o papel fundamental que o escravo africano haveria a desempenhar neste novo sistema económico mundial.
Convém aqui lembrar que em termos relativos de emigração (emigração em relação à população), emigraram mais Portugueses para a Índia, para o Brasil e para África, que todos os emigrantes Espanhois, Ingleses, e Franceses juntos para as Américas.
No que respeita à fonte (oferta) de mão-de-obra, os Portugueses usaram escravos africanos primeiro na produção de açúcar na Ilha da Madeira, e depois na Ilha de São Tomé, onde ganharam a experiência na captura, transporte e venda de escravos