Tradução cinematográfica
Benjamin, para quem tradução é mais que noção linguística, mas uma busca do originário na obra traduzida, através da interrelação entre duas linguagens da arte: a literária e a cinematográfica.
O texto registra a influência do cânone sherloquiano na obra fílmica “Sherlock Holmes” (2010) de Guy Ritchie investigando a busca do original na recriação do personagem protagonista
Sherlock Holmes.
A investigação do que é tradução ou do que é criação nos faz refletir o cenário atual cinematográfico, em que a literatura age no âmbito audiovisual de forma intensa, tornandose fonte inspiradora de produções fílmicas e releituras de personagens clássicos.
INTRODUÇÃO
Transpor um livro a uma obra cinematográfica exige, de certo modo, conhecimento em ambas as artes. Para tal, é necessário conhecer os processos de produção, tanto literária quanto fílmica, para que o produto final alcance o resultado desejado. Se o produtor, diretor ou a equipe técnica responsável necessita desse conhecimento, o espectador o deixa de lado, e procura única e exclusivamente se ver satisfeito com a adaptação. Entretanto, a incapacidade de responder aos desafios técnicofuncionais propostos pelo cinema ocasiona ao espectador o sentimento de traição ou empobrecimento da obra transposta. Pois, a primeira intenção a se ver um filme baseado em livro é de que vejamos exatamente aquilo que lemos, ou seja, procurase que entre o
objeto literário e o produto cinematográfico [haja] continuidade em termos de reprodução identificante, como se adaptar significasse decalcamento, relacionamento isomórfico. Como se uma transposição fílmica fosse capaz de saturar todas as potencialidades de um texto (SOUSA, 2000:7).
Essa conversão se