tradições culinárias alagoana
O Nordeste brasileiro conseguiu manter um equilíbrio maravilhoso entre a comida européia, a africana e a indígena. Só a Bahia guardou uma culinária acentuadamente africana. No início de nossa colonização, aportavam no Nordeste navios que traziam de Portugal e das ilhas, azeite, vinhos, bacalhau e muito mais. Esses ingredientes permitiram que os portugueses mantivessem a cozinha de sua terra natal nos engenhos de açúcar e nas casas-grandes. Com o passar do tempo, as comidas africanas e indígenas foram se impondo.
No século XIX, um forte sentimento nativista varreu o Nordeste. Muitos senhores de engenho trocaram seus sobrenomes portugueses por palavras regionais usadas para designar árvores nativas ou mesmo pelos nomes indígenas de suas propriedades. Respirava-se brasilidade!
No despertar para tudo que fosse genuinamente da terra, a comida do povo foi sendo assimilada pelas casas-grandes. A tapioca, o mel de engenho com inhame, macaxeira e fruta-pão, os bolos de mandioca e de milho, os pés-de-moleque ... Todos esses sabores foram ganhando espaço na mesa patriarcal. Os sequilhos, queijadinhas, papos-de-anjos e toucinhos do céu, passaram a ter concorrentes.
Ricos ingredientes no mar, lagoas, rios e coqueirais
A culinária alagoana não difere da culinária do Nordeste em geral. Torna-se, porém, muito mais variada em função da riqueza de nossas lagoas costeiras, que deram o nome ao Estado das Alagoas -- o antigo Sul da Província de Pernambuco (até 1817). Cercada de mar e lagoa por três lados, Maceió é uma cidade Restinga, segundo classificação do geógrafo Ivan Fernandes Lima. À sombra dos coqueirais de Maceió, o forte são as comidas à base de coco. É um verdadeiro festival de comidas do mar, dos rios e das lagoas.
Há peixes nobres das águas mornas, como a cavala "perna de moça", sirigado, arabaiana e cioba. Os pitus e camarões de água doce e agora, a criação em cativeiro, com alta tecnologia, do camarão gigante da Malásia.