Trabalhos
Há anos tenho trabalhado com grupos de sensibilização, sobretudo em empresas familiares e públicas. Uma das mais importantes constatações que aprendi na prática foi a de que normalmente as pessoas não gostam de conviver com outras com as quais têm dificuldades no relacionamento. Normalmente as pessoas anseiam por resolver seus conflitos. Esses grupos têm por objetivo trabalhar essas dificuldades comportamentais. Constatei em dezenas de organizações que passar dois ou três dias isolado em um lugar fora do trabalho discutindo suas tensões costuma ser uma experiência positivamente surpreendente. Sempre verifiquei que as afirmações sobre o medo de trabalhar os conflitos é mais uma das muitas insanidades organizacionais.
O grande perigo ou medo está no fato de que temos de trabalhar as emoções contidas e que esses grupos de sensibilização teoricamente poderão piorar a situação existente. Entretanto, na prática, os grupos sabem se defender e dificilmente colocarão suas dificuldades se o profissional coordenador não transmitir confiança.
Como trabalhar os conflitos
Nessas ocasiões é muito importante não se trabalhar os fatos no passado e sim os sentimentos contidos no presente, no "aqui e agora". Ficar falando dos acontecimentos passados não resolve as questões e ainda pode provocar "re-sofrimentos", ou seja, despertar sentimentos ruins e mal entendidos que ficaram registrados no sistema nervoso e podem se prestar a novos desentendimentos.
Um dos pontos mais importantes desses encontros é a mudança de foco das comunicações: deixa-se de falar do outro para falar com o outro. Normalmente, no dia-a-dia dos grupos informais, comenta-se irresponsável e inutilmente as dificuldades dos colegas de trabalho, sobretudo dos membros do poder. Essas explanações costumam gerar um clima de imaturidade grupal em que não se assume a autoria das opiniões ou percepção sobre os ausentes. Fala-se impessoalmente: "estão dizendo",