Trabalhos
Os problemas de hoje vêm das “soluções” de ontem. Peter Senge (1990) Alguns entusiastas da Educação a distância (EAD) têm defendido que ela é a solução para os problemas do ensino. Embora adepta da EAD - que, acredito, enriquecerá muito os processos de construção do conhecimento -, vejo que esta nova modalidade traz consigo também novas contradições e desafios. Neste artigo enumero alguns dos mitos criados em torno da EAD, numa tentativa de distinguir as contribuições positivas e os desafios lançados pelas novas mídias. Além disso, na última parte, proponho uma definição para o instructional designer, profissional-chave nos percursos educacionais que envolvem tecnologia. A EAD é para todos? Com a EAD são vencidos muitos fatores da exclusão educacional. Em vez de ser necessário construir edifícios e contratar professores para os novos alunos, bastam alguns equipamentos em tele-postos para ampliar o acesso ao conhecimento, e pessoas de qualquer ponto do país poderem ingressar nos cursos que mais lhes interessarem. No entanto, é inegável que, se são vencidas as distâncias que nos afastavam do conhecimento, ainda existe o risco de se acirrar o abismo entre as classes mais poderosas e os excluídos – os sem-modem -, pelo menos enquanto não se define uma política mais eficaz de democratização do acesso às tecnologias da comunicação e da informação no país2. A EAD é sempre personalizada? A escola tradicional é o espaço da homogeneização: tudo para todos, ao mesmo tempo: a mesma aula, a mesma data da
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- Doutora em Educação pela PUC-Rio, pesquisadora do Centro Pedagógico Pedro Arrupe e Diretora Executiva da Instructional Design. aramal@uol.com.br 2 - Governos da América Latina têm utilizado a EAD como argumento para comprovar uma suposta democratização do