trabalhos
Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. ISSN 1518-3394.
Disponível em www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais
BRASIL E ANGOLA: A RELAÇÃO DE COMPLEMENTARIDADE ENTRE AS
COLÔNIAS PORTUGUESAS
Fernanda Danielle Cavalcante Nogueira1
Resumo: Nos porões dos navios negreiros, mais de três milhões de africanos fizeram uma viagem sem volta. Foram mais de trezentos anos de horrores, gerando imensas fortunas para os traficantes de escravos, que viam o trato como o mais vendável e lucrativo negócio. Do porto de Luanda, em Angola, o embarque de negros para o
Brasil tornara-se indispensável. Iniciava-se, portanto, um largo período da História brasileira em que os braços escravos seriam o sustentáculo da economia agrícola colonial. Estes mesmos braços produziriam o açúcar, a cachaça, o café, o tabaco e o algodão, produtos apreciadíssimos na África portuguesa e de custo relativamente baixo no Brasil. A relação entre Brasil e Angola foi, portanto, complementar antes de ser concorrencial. No presente trabalho, buscamos compreender de que forma se processou a complementaridade entre ambas as colônias. Para tanto, nos utilizamos de uma vasta produção bibliográfica. Da análise dos elementos fornecidos em tais leituras, concluímos que a colonização do século XVI favoreceu um elo de interdependência entre Brasil e Angola. O que significa que o negro africano, além de ter constituído um contingente fundamental de mão-de-obra, possibilitou mesclar ainda mais a sociedade colonial brasileira e que, em Angola, ou mesmo em qualquer outra parte da África, os chefes políticos e religiosos ofereciam escravos aos europeus em troca de bugigangas, tabaco e aguardente. Uma troca sempre desvantajosa para o negro, é claro.
Palavras-chave: Navios Negreiros; Braços Escravos, Colônias Portuguesas.
Summary: In the bilges of the slave ships, three million Africans had more than made a trip