Trabalhos
Era período junino, momento de muitas festas e comemorações na Comunidade do Tatu Escorrega N’água, todos comemoravam o nascimento do Santo Francisco, o padroeiro do lugar, a felicidade era tremenda na população ribeirinha, porém o Presidente comunitário, Seu Raimundo Nonato, um pai de família muito rigoroso, estava totalmente desiludido após a inexplicável gravidez de sua filha, com esse fato, tomou a decisão de descobrir o suspeito pai, seguindo todos os detalhes do homem que enganou a jovem Mariazinha. Um rapaz alto, charmoso, trajes claros e de olhos escuros, perfumado, sedutor e apaixonado. Convicto que ninguém por perto exibia aquela aparência, Seu Rai, assim conhecido, decidiu ir à procura do boto, único sujeito que naquelas redondezas poderia provocar tal façanha. Anoiteceu, a sede local estava lotada de festeiros, a música encantava a pista de danças e enquanto isso, escondido na mata estava Raimundo, acompanhado de seus dois filhos e mais quatro espingardas. A raiva do abuso do boto tomava conta de todo seu interior, a vontade era de matar o caboclo do rio, mesmo que nunca ninguém o viu, a não ser a damas enganadas. Muitas horas se passaram e a meia noite estava se aproximando, momento em que o homem das águas se transformava para encantar a jovem mais linda que encontrasse em seu caminho.
A possibilidade de o boto aparecer por ali era pouca, mas a esperança do Seu Nonato de encontrá-lo era imensa. Quando der repente, surge da mata o rapaz esperado, com uma roupa branca folgada e um chapéu de mesma cor na cabeça. Para o destemido Raimundo, esse era o momento de atirar, e assim fez, com somente um tiro certeiro na extremidade da cabeça, fez tal homem cair ao chão e o silêncio total naquele ambiente. A festa parou, todos ficaram com medo, e foram saber o que havia acontecido.
“Matei o boto!” – Gritou de Seu Raimundo Nonato, espantado com a ação tirou o chapéu ensanguentado e viu que havia o buraco da bala na sua cabeça. Para ele e