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O que acontece em Pernambuco, basicamente, é que no início da década de 90 foi construído o Porto de SUAPE, que degradou o mangue daquela região e fechou bocas de rios. Então aquela população de tubarões cabeça-chata, que é o tubarão mais implicado nos ataques, teve que se deslocar daquela área onde foi construído o porto para a região da grande Recife. Neste local existem canais que fazem com que, ao se deslocar, o tubarão passe muito próximo às praias de Recife e seu entorno. E aí você aumenta tremendamente a interação do homem com o tubarão. É esse o grande problema. Essa interação existe diariamente, centenas de vezes. Só que ainda assim é um fato raro. Eventualmente acontece um acidente, que na verdade a gente chama de erro de identificação. O tubarão na verdade não quer comer o homem, ele está naquela área caçando um peixe, que é o alimento dele, e por a água ser turva, ele às vezes pode dar uma mordida investigatória, percebe que não era o que ele imaginava que fosse e solta, Figura 2. Obviamente uma mordida de tubarão é um problema sério. Em Recife existem outros fatores que se juntaram também, principalmente por ser uma área onde tem o cabeça-chata, que é uma espécie agressiva, e particularmente mais abundante naquela área. explica Otto Bismarck Gadig, professor da Universidade Estadual Paulista e especialista em tubarões. "Isso afetou o ecossistema de tal jeito que esses animais ficaram sem muita comida disponível e, também, sem lugar para ter seus filhotes." GADIG e ROSA 1996