Trabalhos
Os momentos de ataque de rebeldia escrava estavam ligados às relações de poder na sociedade civil. E essa irrupção ocorreu devido ao estado escravocrata que negava a existência política dos escravos, eles tinham direito de reclamar o abuso de poder dos senhores e autoridades, e isso muitas vezes aconteceu. Porém, pode-se imaginar os riscos que corriam os queixosos. Evidentemente não era permitido que os negros agissem coletivamente perante a lei. E a polícia atuava na repressão às tentativas de associação dos escravos nos batuques, candomblés, reuniões malês, jogos de capoeira, e cada escravo quando longe do poder direto do senhor em público.
Na Bahia as principais rebeliões aconteceram entre 1823 e 1840 que foram os momentos das revoltas militares e retiradas de tropas das ruas. É nesse contexto que se pode estabelecer a relação de instabilidade político-social e revoltas escravas.
As desordens escravas aconteciam com mais frequência nos feriados religiosos, especialmente no Natal. Nessas ocasiões, os escravos em geral tinham folga do trabalho, enquanto os seus senhores investiam o tempo em suas próprias festas. Isso levava os africanos a celebrar tais datas com sua própria gente, e eram nesses momentos que eles conspiravam ou se levantavam. As revoltas seguiam o calendário da sociedade civil, aproveitando o instante de enfraquecimento do governo do senhor.
Os rebeldes modernos agem nos dias de trabalho, os escravos agiam nos de folgas.
Em 1835 esse dia foi o domingo da festa de Nossa Senhora da Guia.
Mas em 1835 havia também outra razão para escolher aquele domingo. De acordo com o calendário islâmico, os malês estavam festejando o fim do Ramadã, a festa da Noite do Poder. Esse sagrado mês traz para os adeptos de Maomé uma força espiritual especial e nessa festa, Alá controla os espíritos malignos e reordena os negócios do mundo.
Assim os rebeldes definiram seus planos baseados numa avaliação complexa do que entendiam ser