trabalhos
O drama A Língua das Mariposas (1999), dirigido por José Luis Cuerda tem como roteristas Rafael Ascona, Manuel Rivas e José Luis Cuerda. Em 96 min. são traçadas profundas discussões sobre didática, política, relações familiares, religião e as crenças políticas e teológicas.
O filme se inicia a partir de uma situação comum à grande parte da população, o primeiro dia de aula. A experiência do personagem Moncho (Manuel Lozano) evidencia as questões da apreensão, do imaginário infantil e das concepções prévias que a criança constrói a cerca do processo de ensino-aprendizagem e da relação professor-aluno antes de ir a primeira vez à instituição escolar. De certa forma, podemos dizer que algumas das concepções que Moncho tinha sobre a escola que iria frequentar condiziam com a realidade educacional geral da época, sendo Don Gregorio (Fernando Férnan-Gomes) uma exceção a regra, uma esperança para os estudantes. Enfim, o que encontram é um professor libertador, que contradiz a maioria das concepções anteriores dos estudantes em torno da escola e da docência.
Distanciando-se das práticas autoritárias, que defendem a submissão e a passividade do aluno, da aplicação de tarefas árduas e monótonas, Don Gregorio tenta ultrapassar as tendências da pedagogia tradicional, segundo a qual o papel da escola é difundir a instrução e transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade e o professor é elemento decisivo e decisório desse processo. A pedagogia Don Gregorio segue a tendência libertária, visando à construção do conhecimento por parte do aluno, que tem um papel central e determinante no ensino-aprendizagem. O professor sustenta um fascínio pelo ato de ensinar e pelo pequeno progresso de cada aluno, propicia a autonomia dos educandos, uma relação de liberdade e respeito mútuo entre professor e aluno e a autoridade sem o autoritarismo, a imposição.
Don Gregorio passa segurança e estima aos alunos, fazendo-os se sentirem acolhidos no ambiente