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Esta globalização em que vivemos é uma globalização de cidades. Foram elas que desde o início (desde o século XVI) contribuíram para amarrar os nós, as rotas, de que foi feito o comércio internacional. Sozinhas, valem pouco. Ligadas, valem muitíssimo.
As cidades tendem a aglomerar-se e a interligar-se porque assim multiplicam os seus potenciais. Formam arquipélagos, e entre cada cidade desses arquipélagos (e cada arquipélago de cidades) trocam-se produtos, serviços e ideias.
O valor económico desses arquipélagos de cidades é difícil de calcular. O economista Richard Florida tentou fazê-lo e as conclusões a que chegou são surpreendentes. A mega-região urbana mais rica da Europa não é a Grande Paris nem a Grande Londres. É o arquipélago urbano de Amsterdão-Antuérpia-Bruxelas-Colónia-Lille, onde vivem quase 60 milhões de pessoas e que produz mais riqueza do que a China, o Canadá ou a Itália. O seu valor aparece escondido porque se trata de um arquipélago cujas “ilhas” estão espalhadas por cinco países.
Agora eis o mais interessante: a Península Ibérica é ela mesma um conjunto destes arquipélagos urbanos. O mais rico é dominado por Barcelona, que é transfronteiriço e vai até Marselha. O segundo mais rico é o corredor urbano que vai da Grande Lisboa até à Corunha, passando pelo Grande Porto. Em terceiro lugar aparece a enorme ilha de Madrid, plantada no meio da Meseta.
Curiosamente para um historiador, estes arquipélagos sugerem os nossos antigos reinos, o que demonstra a persistência da proximidade cultural e linguística. Um medievalista poderia chamar “catalão-provençal” ao arquipélago Barcelona-Marselha, e “galaico-português” ao corredor Lisboa-Corunha, que nada se perderia. Madrid é o coração de Castela e, apesar de ser menor que os