Trabalhos
A promoção de uma aula para a aprendizagem interativa, como afirma Marques (2000,p.112), vai além da “sala de aula vulgar e inexpressiva, sem uma identidade em que se perceba a identidade dos alunos e dos professores que dela fazem espaço de aprendizagem na mediação da docência, revela um ensino pobre e uma aprendizagem amorfa”.
O ambiente da aula é um espaço de vida coletiva, um espaço de relações únicas e originais, semelhantes a um ecossistema para a intensificação da aprendizagem, em que os vínculos dos alunos e dos professores com o conhecimento são acentuados. Professor e alunos transformam-se e transformam o conhecimento em aprendizagem. Essa perspectiva da sala de aula como ecossistema de aprendizagem foi proposta por Doyle (1986), apresentada por Tardif e Lessard (2005, pg.232), com as seguintes categorias: multiplicidade, imediatez, rapidez, imprevisibilidade e historicidade.
A multiplicidade, ou melhor, a simultaneidade, deve-se aos múltiplos eventos que ocorrem durante a aula ao mesmo tempo. Os alunos perguntam ao professor, escutam as respostas, lêem, compreendem texto, escutam os colegas de turma, anotam tema para estudo, corrigem lições.
A imediatez, associada à rapidez do tempo da aula, referem-se ao fato de que são 50 minutos de atividade e já se passa para outra turma, outra aula. (...) Não há tempo a perder nem resposta a adiar no tempo que vivemos.
A imprevisibilidade refere-se aos eventos não previstos e que alteram o andamento da aula. Pode incluir desde uma crise de um aluno com problemas na vida familiar até dificuldades com determinado problema de aprendizagem.
A historicidade articula-se à contextualização do conhecimento e das relações entre professor e os alunos.
A essas categorias acrescentam-se a autenticidade e a regularidade. A autenticidade está vinculada à convivência prolongada no mesmo grupo; professor e alunos ao longo de um período letivo no mesmo