Para oprimir e submeter, especialmente, os negros, o racismo no Brasil no necessitou de regras formais de discriminao, de desigualdade e de preconceito racial. O racismo como ideologia emprega e se alimenta de prticas sutis, de nuances e de representaes que no precisam de um sistema rgido e formalizado de discriminao. Ao contrrio das experincias norte-americana ou sul-africana que estabeleceram regras claras de ascendncia mnima para definir seus grupos sociais, nas quais, por exemplo, uma gota de sangue negro era mais que suficiente macular a suposta pureza racial dos brancos. As formas de classificao racial e a eficcia do racismo no Brasil nutriram-se sempre das formas mais maleveis, mais flexveis para atingir suas vtimas, porm essas sutilezas no deixam de ser igualmente perversas e nocivas para os indivduos e coletividades atingidos. De qualquer forma, essa sutileza, que informa o tipo de racismo presente no Brasil, segue de mos dadas com as premissas de ideolgica democracia racial que pretende afirmar e defender a inexistncia do racismo, precisamente porque no pas no h posies ou locais sociais que negros no possam ocupar. No h cargo, posto de trabalho, lugar, emprego, profisso etc. Em que os negos no possam competir. Todavia, basta uma breve observao na paisagem social para se verificar que a democracia racial ainda no chegou para os negros. Eles so minoria nas posies de maior reconhecimento, nas profisses melhor remuneradas, nos segmentos de melhor renda etc. Especialmente a mulher negra, que ocupa uma posio social extremamente desvantajosa quando comparada com o conjunto da populao branca do pas. Freqentemente ela exerce atividades de menor reconhecimento social, menor retorno salarial e de menor exigncia de qualificao. Para transformar essa situao, to comum na paisagem social do Brasil, torna-se necessria a adoo de amplas polticas pblicas que busquem minimizar as brutais desigualdades de renda, escolaridade, emprego, moradia, sade etc. Que afetam mais