Trabalhos Acadêmicos
Rio de Janeiro: IH-UCAM, Ano V, Jan-Jun 2008, pp. 135-150.
Os Gostos do Divino: análise do código alimentar da festa do Espírito Santo em Pirenópolis, Goiás.1
Felipe Berocan Veiga 2
Resumo
A Festa do Divino Espírito Santo em Pirenópolis é uma grande celebração de
Pentecostes, com envolvimento significativo da população local e apelo visual crescente na mídia, atraindo um grande número de turistas e visitantes. Seu processo ritual compreende três fases estruturais: a folia, o Império e as cavalhadas, cada uma delas com suas formas expressivas bem demarcadas. A distribuição de alimentos define a etiqueta, a estética e a ética da festa, como gesto de caridade e símbolo maior de prodigalidade. “Dar de comer” implica em fazer o corpo do outro, “dar sustância” ao visitante, representação por excelência da hospitalidade e da incorporação do estrangeiro. Nesse sentido, pretende-se analisar tanto as regras de hospitalidade e comensalidade na festa, quanto o simbolismo do código alimentar, a partir do triângulo culinário proposto por Claude Lévi-Strauss.
Palavras-chaves
Festa do Divino; alimentação; comensalidade; hospitalidade.
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O autor agradece à Profa. Maria Eunice Maciel (UFRGS) pela oportunidade de apresentar este trabalho no
GT Comida e Simbolismo da 23ª. Reunião Brasileira de Antropologia (Gramado-RS, 2002) e ao Prof. Marco
Antonio da Silva Mello pela orientação deste trabalho. Este artigo é dedicado a todas as cozinheiras de
Pirenópolis: Dona Luzia d’As Flôr, Telma da Babilônia, Dona Cida, Dona Sebastiana, às saudosas Benta e
Dona Rosa da folia, e tantas outras.
2
Doutorando e Mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (PPGA/ICHF-UFF) e pesquisador do Laboratório de Etnografia Metropolitana (LeMetro/IFCS-UFRJ). Coordenador do Curso de
Graduação em Produção e Política Cultural do Instituto de Humanidades da Universidade Candido Mendes