Trabalho
Ética – Política – Filosofia da Educação[1]
Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem canse o fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora do filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz (Epicuro).
Para introduzir os leitores no território da filosofia, devo convidá-los a ir à Grécia do século VII a.C., quando Pitágoras cunha o termo philosophia, unindo philia, cujo significado é “amizade”, “amor”, a sophia, que significa “sabedoria”, para indicar a “procura amorosa da sabedoria”. Por que o convite no momento histórico da “passagem do mito à razão”, como afirma os estudiosos desse período? Porque é importante procurar o “começo”, se assim podemos dizer, de um determinado tipo de reflexão do homem. Como todo saber, a filosofia é histórica – transforma-se e explica-se a partir de problemas bem específicos de cada contexto histórico. Não será, entretanto, propriamente a partir dos problemas que descobriremos a especificidade do conhecimento filosófico, mas a partir do modo peculiar com que ele se volta para os problemas para considerá-los. Esse gesto, sim. É que pode nos levar a distinguir o filósofo dos outros pensadores. Estaríamos, portanto, indo à “inauguração” do gesto filosófico[2]. Além disso, é preciso verificar a significação que tem o termo “sabedoria” na Grécia dos pré-socráticos. Nesse contexto, ele significa saber total, saber da totalidade. Que, naquele momento, é considerado um atributo de deuses. Só deuses são sábios. Para os humanos, seres imperfeitos, limitados, fica o desejo de se aproximar desse saber, a amizade que procura se familiarizar com ele. O filósofo se define, portanto, como o amigo da sabedoria, desejoso do saber