TRABALHO
Mesmo com as conhecidas lacunas, a chamada edição temática (1948-1951) e, depois, a consistente edição crítica dos Cadernos (1975) acabaram por fornecer elementos essenciais para a construção de variadas interpretações a respeito de seu pensamento. Para não falar da cuidadosíssima edição nacional, que ora começa a ser publicada pela Fundação Instituto Gramsci e pelo Instituto da Enciclopédia Italiana, por certo destinada a marcar uma nova etapa no exame da totalidade dos escritos gramscianos.
Em décadas de estudos e debates, Gramsci foi visto inicialmente como o "pensador da cultura nacional-popular", para em seguida alcançar o patamar de "teórico da revolução nos países avançados do capitalismo", de cuja obra se extraíam conceitos que o tornaram um pensador assimilado em grande escala; entre tais conceitos, alguns são justificadamente famosos, como hegemonia, intelectual orgânico e Estado ampliado.
Recentemente, a partir de uma historicização integral do personagem, aliada à recepção e ao tratamento de fontes inéditas ou até ignoradas, vem emergindo uma nova inserção de Gramsci na política do século XX. Referida aos dramáticos acontecimentos que abarcam a chamada "grande guerra civil europeia" (1914-1945), essa perspectiva analítica tem permitido superar os diversos enigmas que marcaram por longos anos os estudos gramscianos, originados da fratura entre sua vida e seu pensamento.
"Vida e pensamento de Antonio Gramsci", de Giuseppe Vacca, segue essa pista. O resultado é