Trabalho
Alimentar-se no hospital:
As dietas oferecidas aos pacientes do hospital Santa Casa da Misericórdia de Ouro Preto.
Jéssica de Lima Strutz
Raíssa L. Braga de Oliveira Graduandas do curso de Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto.
Ouro Preto, 2013.
Alimentar-se no hospital: A refeição hospitalar e o ‘ato de comer’.
Sempre se ouviu falar que comida de hospital é algo ruim, sem gosto, sem cor e sem sal. Ouvem-se reclamações de pacientes quanto à apresentação e aparência das refeições servidas, e alguns até dizem sonhar com o dia da alta hospitalar para finalmente alimentarem-se de maneira ‘decente’. A fama de comida insossa e intragável se espalhou, deixando receosos os pacientes a serem internados. Mas a verdade é que nem toda a responsabilidade está nas mãos da cozinheira. Por se tratar de um ambiente hostil e diferente, a internação hospitalar, por si só, já é um inibidor do apetite. Associados à própria enfermidade e o uso de medicamentos, fazem com que o paciente não sinta fome, ou diferencie o gosto nos alimentos.
Outra razão pela qual a comida de hospital é vista com desagrado, se atribui ao valor pessoal e emocional que o ‘ato de comer’ nos proporciona. Da escolha e preparo dos alimentos, até o ato de servi-lo e come-lo à nossa própria maneira. “Preiswerk (1986), a partir de Lévi-Strauss (1966), lembra que o alimento não serve somente para comer, serve também para pensar.” O ato de conceber e cozinhar um prato, assim como as técnicas e rituais que se utiliza para a preparação do mesmo atribuem-lhe um valor afetivo, permitindo degustá-lo com confiança. Compreende-se que, no meio hospitalar, o ato do comer é algo desconhecido, que as dimensões simbólicas sejam difíceis de ser representadas, e que alguns pacientes não sejam capazes de identificar os alimentos que estão consumindo, assim como sua procedência, modo de preparo, textura e aspecto.
Como indivíduos, não consideramos