Trabalho
Ferro
Já na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel pode-se notar um forte interesse e uma certa obsessão pelo ferro, a prata e o ouro. Falava-se muito nos metais e era grande a expectativa de que os nativos pudessem revelar a localização geográfica de alguma fonte de riquezas. A nova terra descoberta por Portugal era, sem dúvida, uma grande promessa e, como acontecia na época, o propósito inicial não era ocupá-la, mas, sim, extrair tudo o que fosse rentável e comercializar o que interessasse com os nativos aqui encontrados. Embora na nova terra muito pudesse ser plantado, o que realmente interessava era saber o que havia para extrair e transformar. São reveladores esses trechos da carta: "... Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra.
A expedição de Martim Afonso de Souza, em janeiro de 1532, desembarcou na barra do Tumiaru, nas praias de São Vicente, iniciando a ocupação do solo descoberto. Entre os tripulantes vinha Bartolomeu Gonçalves, ferreiro contratado por um prazo de dois anos pela Corte, também conhecido como Mestre Bartolomeu Fernandes e respondendo ainda pela alcunha de Bartolomeu Carrasco (apelido empregado na época para designar um ferreiro). Sua presença nessa expedição tinha o propósito de atender as necessidades de obras utilizando ferro na armada e no auxílio aos seus integrantes, nesse primeiro momento de ocupação do solo brasileiro.
Aos poucos, outros artesãos, especialistas em mineralogia e fundição foram se instalando na nova colônia com a mesma finalidade. A tradição determinava que o ofício de ferreiro deveria ser passado pelo patriarca aos seus descendentes, e assim se deu com o mestre Bartolomeu. Seus filhos e netos passaram a produzir artefatos de ferro de importância relativamente pequena, para que fossem